sábado, 22 de junho de 2019

In the local press

No passado dia 14 de Julho saiu na imprensa local, na Gazeta das Caldas, um artigo sobre o meu trabalho e sobre nós cá de casa. Um artigo lindo e muito bem escrito pela jornalista Natacha Narciso, adorei! Para quem quiser ler aqui fica o artigo: 


Sílvia Jácome, a designer de cerâmica que vive e trabalha com preocupações ecológicas


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Sílvia Jácome mostrando algumas da suas peças que fizeram parte da exposição na Holanda
Quando Sílvia Jácome está a cozer as suas peças, feitas em porcelana, já sabe que não pode ter os eletrodomésticos ligados porque toda a energia que consegue obter dos oito painéis solares que possui na sua casa em Salir de Matos, está canalizada para o forno. Mas isto resulta de uma opção da artista que vive em comunhão com a natureza e quer deixar o mínimo de pegada ecológica. A designer, formada na ESAD, produz peças utilitárias e coloridas, que até já foram seleccionadas para ser expostas na Holanda.
Sílvia Jácome tem 45 anos e é de Tomar. Veio para as Caldas estudar Design e Tecnologias para a Cerâmica na ESAD e, mais tarde, regressou por causa da cerâmica, área pela qual se apaixonou quando ainda frequentava a escola. Também nas Caldas conheceu o seu companheiro, Paul Nagtegaal e, com ele e com o filho de ambos, vive da forma mais ecológica que lhes é possível na freguesia de Salir de Matos. Não estão ligados a nenhuma empresa distribuidora de energia eléctrica e, por isso, o que faz funcionar todos os equipamentos da casa, bem como o forno de cerâmica, provém de oito painéis solares instalados nas imediações da casa.
Além do curso superior, Sílvia Jácome aperfeiçoou as técnicas de cerâmica no Cencal. Percebeu que “era feliz a trabalhar no barro” dado que é uma matéria-prima moldável, que precisa de poucas ferramentas para ser trabalhado e “está ligado à terra”, aspecto que a autora tanto valoriza.
Em 2009 passou a dedicar-se à bijutaria cerâmica, conjugando as peças em barro com metais (prata) e tecidos. E como queria sempre apostar em novas técnicas, “aos poucos fui regressando às Caldas”, sobretudo porque precisava de materiais cerâmicos, algo não havia em Tomar, onde residia.
“Foi bom poder retomar o contacto com pessoas que optaram por ficar a viver nas Caldas”, contou a autora que, há 20 anos, tirou o curso de Cerâmica para Designers no Cencal e foi para Ansião trabalhar na cerâmica Intercer. Mais tarde, mudou-se para outra empresa congénere em Montemor-o-Velho.
Nos últimos dois anos Sílvia Jácome dedica-se a um novo desafio: criar peças utilitárias em porcelana. A ideia surgiu após um repto de uma amiga para fazer uma taça em porcelana para cereais. A experiência correu bem e logo se seguiu um pedido de uma colher, também na mesma pasta.
Em seguida já fez coloridos pratos, tigelas e copos para café ou chá, com a respectiva colher. Trabalha com moldes, mas depois acrescenta texturas e pormenores. É perfeccionista e muito dedicada ao detalhe, o que dá alma aos seus trabalhos minimalistas.
A ceramista dedica-se a criar pequenas séries e vai apostar numa maior divulgação das suas obras. Inspira-se em detalhes da natureza, assim como é possível constatar nos seus azulejos onde marcam presença os tons e as texturas das folhas das árvores que rodeiam a sua casa.
Sílvia Jácome dedica-se a este tipo de produção e diz que “é um desafio todos os dias!”. Trata-se de uma das pastas mais difíceis de se trabalhar à qual se soma o facto do seu forno ter que cozer as peças a altas temperaturas (1250 graus). Mas a designer não tem receio das dificuldades e de experimentar. Em breve também a joalharia de sua autoria vai incluir pequenas peças de porcelana.
“A cerâmica é um mundo incrível onde estamos sempre a aprender”, contou, enquanto mostra a sua última produção: dois pratos e uma taça em porcelana, vidradas em diferentes tons de vermelho. O conjunto, diz, designa-se “As três da vida airada”.
A autora, a convite de amigos, já coordenou workshops de joalharia cerâmica e também de cerâmica para crianças. O primeiro decorreu em 2014 quando Sílvia esteve ligada ao Espaço Ó, em Óbidos, trabalhando em azulejaria com Thomas Schitek.

A casa como projecto de vida

Sílvia Jácome conheceu Paul Nategaal, através de uma amiga comum, em 2014. O holandês, formado em História veio para Portugal há 20 anos, dedica-se a criar e a manter jardins ecológicos. A sua empresa, The Green Company, tem sobretudo clientes estrangeiros.
O casal começou a namorar há quatro anos e Paul Nategaal achava que não podia ter filhos, assim lhe tinham dito os médicos na Holanda. Só que Sílvia ficou grávida e em Janeiro de 2015, nasceu o filho de ambos, David. Sílvia já tinha 40 anos mas quer a gravidez quer o parto decorreu com normalidade. Ambos querem dar toda a atenção a este “menino milagre” e, como tal, a cerâmica de Sílvia esteve em “stand by” durante os primeiros meses de vida do filho. O seu trabalho só foi reiniciado durante as sestas da criança.
Antes de se juntarem, Paul tinha adquirido a casa onde vivem, em Salir de Matos, que pouco mais era do que a ruína de uma habitação centenária. Com a ajuda de amigos, a casa tem vindo a ser recuperada aos poucos. Quando Sílvia passou a fazer parte da sua vida, recuperar a casa tornou-se o projecto de ambos. A casa não tinha energia nem água da rede pública. Os anteriores proprietários usaram velas ou candeeiros a petróleo. O casal decidiu que não iria ligar-se à rede pública e que apostaria em energias renováveis, tendo colocado painéis solares. Neste momento têm oito painéis e várias baterias que auxiliam no armazenamento energético. E fazem tudo recorrendo apenas à energia solar, incluindo a cozedura das suas peças. Claro que quando o forno está ligado, Sílvia já sabe que não pode por a máquina de lavar a roupa a funcionar. Todas as lâmpadas da casa são leds e é apenas com a energia solar que se garante todo o funcionamento eléctrico, desde o aspirador até à máquina de lavar a loiça.

A PRIORIDADE NÃO É TER MAIS COISAS

O casal inicialmente resistiu em ligar a casa à rede pública da água, mas acabou por ceder porque o poço do seu terreno secou. Enquanto não era feita a ligação à rede, Sílvia e Paul revezavam-se para ir todos os dias buscar água a uma fonte “tal como faziam os nossos avós”.
O casal está muito empenhado em viver da forma mais sustentável que lhe é possível. A própria renovação do edifício da casa foi feita quase sem cimento recorrendo sobretudo a materiais mais ecológicos como a cal, “o que faz com que a casa não tenha tanta humidade”.
Sílvia e Paul recuperam ainda móveis antigos, assim como portas e janelas que lhes foram oferecidas.“Tentamos recuperar tudo o que é possível. Porque é que havemos de deitar no lixo e andar sempre a comprar mais coisas?”, questionou-se a artista. Aos poucos há novas áreas da casa que querem recuperar desde um anexo que em breve se vai se transformar no atelier de trabalho de Sílvia. Este contemplará uma parte de trabalho e uma sala que também poderá transformar-se num quarto. “Queremos que pessoas que se identifiquem com este projecto possam vir fazer cerâmica e aprender a criar um jardim”, explicou Sílvia sobre mais um projecto que visa acolher quem quer passar uns dias ligado à natureza e a um modo de vida sustentável.
O casal e o filho tentam também apostar numa alimentação mais saudável, apostando sobretudo nos vegetais em detrimento do consumo de carne. Têm a sua própria horta e encomendam as sementes biológicas online e não usam nem adubos nem fertilizantes. Estão também a apostar na plantação de árvores de fruto.
Com as ervas aromáticas e dos chás que produzem e que Paul traz dos jardins que cuidam, também já produzem sabão artesanal. Fazem-no com recurso a lavanda, alecrim, rosa mosqueta e erva Príncipe e já respondem a encomendas que lhes são feitas por algumas casas de Bed & Breakfast.
“A nossa prioridade não passa por ter mais e mais coisas. Queremos ser felizes, apostando numa forma de estar sustentável”, rematou a autora.

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Goudse Keramiek Dagen

Novos desafios! Novos destinos! Foi isto que aconteceu nos passados dias 30 e 31 de Maio. Participei na Mostra de Cerâmica de Gouda, Holanda, que acontece todos os anos mais ou menos por esta altura. Éramos 100 ceramistas de alguns pontos da Europa. Para quem quiser saber mais: goudsekeramiekdagen.nl . Foi uma experiência maravilhosa. A repetir!