Pois é, estou sempre "atrasada" nas minhas publicações por aqui. Fiquei a pensar, mas porquê? Talvez por estarmos na era dos telemóveis (e fazer quase tudo por lá) e por publicar por aqui sempre no computador que quase nunca está ligado...
Gostava de mudar isto, mas no meio de tantas coisas, algumas são mais difíceis de concretizar.
Tenho tantas coisas para publicar, neste momento não sei se faz muito sentido, mas por outro lado, acho que mais vale tarde que nunca.
A quem costuma vir aqui, as minhas desculpas, prometo que pelo menos vou tentar mantê-los mais informados!
No passado dia 14 de Julho saiu na imprensa local, na Gazeta das Caldas, um artigo sobre o meu trabalho e sobre nós cá de casa. Um artigo lindo e muito bem escrito pela jornalista Natacha Narciso, adorei! Para quem quiser ler aqui fica o artigo:
Sílvia Jácome, a designer de cerâmica que vive e trabalha com preocupações ecológicas
Quando Sílvia Jácome está a cozer as suas peças, feitas em porcelana, já sabe que não pode ter os eletrodomésticos ligados porque toda a energia que consegue obter dos oito painéis solares que possui na sua casa em Salir de Matos, está canalizada para o forno. Mas isto resulta de uma opção da artista que vive em comunhão com a natureza e quer deixar o mínimo de pegada ecológica. A designer, formada na ESAD, produz peças utilitárias e coloridas, que até já foram seleccionadas para ser expostas na Holanda.
Sílvia Jácome tem 45 anos e é de Tomar. Veio para as Caldas estudar Design e Tecnologias para a Cerâmica na ESAD e, mais tarde, regressou por causa da cerâmica, área pela qual se apaixonou quando ainda frequentava a escola. Também nas Caldas conheceu o seu companheiro, Paul Nagtegaal e, com ele e com o filho de ambos, vive da forma mais ecológica que lhes é possível na freguesia de Salir de Matos. Não estão ligados a nenhuma empresa distribuidora de energia eléctrica e, por isso, o que faz funcionar todos os equipamentos da casa, bem como o forno de cerâmica, provém de oito painéis solares instalados nas imediações da casa.
Além do curso superior, Sílvia Jácome aperfeiçoou as técnicas de cerâmica no Cencal. Percebeu que “era feliz a trabalhar no barro” dado que é uma matéria-prima moldável, que precisa de poucas ferramentas para ser trabalhado e “está ligado à terra”, aspecto que a autora tanto valoriza.
Em 2009 passou a dedicar-se à bijutaria cerâmica, conjugando as peças em barro com metais (prata) e tecidos. E como queria sempre apostar em novas técnicas, “aos poucos fui regressando às Caldas”, sobretudo porque precisava de materiais cerâmicos, algo não havia em Tomar, onde residia. “Foi bom poder retomar o contacto com pessoas que optaram por ficar a viver nas Caldas”, contou a autora que, há 20 anos, tirou o curso de Cerâmica para Designers no Cencal e foi para Ansião trabalhar na cerâmica Intercer. Mais tarde, mudou-se para outra empresa congénere em Montemor-o-Velho.
Nos últimos dois anos Sílvia Jácome dedica-se a um novo desafio: criar peças utilitárias em porcelana. A ideia surgiu após um repto de uma amiga para fazer uma taça em porcelana para cereais. A experiência correu bem e logo se seguiu um pedido de uma colher, também na mesma pasta.
Em seguida já fez coloridos pratos, tigelas e copos para café ou chá, com a respectiva colher. Trabalha com moldes, mas depois acrescenta texturas e pormenores. É perfeccionista e muito dedicada ao detalhe, o que dá alma aos seus trabalhos minimalistas.
A ceramista dedica-se a criar pequenas séries e vai apostar numa maior divulgação das suas obras. Inspira-se em detalhes da natureza, assim como é possível constatar nos seus azulejos onde marcam presença os tons e as texturas das folhas das árvores que rodeiam a sua casa.
Sílvia Jácome dedica-se a este tipo de produção e diz que “é um desafio todos os dias!”. Trata-se de uma das pastas mais difíceis de se trabalhar à qual se soma o facto do seu forno ter que cozer as peças a altas temperaturas (1250 graus). Mas a designer não tem receio das dificuldades e de experimentar. Em breve também a joalharia de sua autoria vai incluir pequenas peças de porcelana. “A cerâmica é um mundo incrível onde estamos sempre a aprender”, contou, enquanto mostra a sua última produção: dois pratos e uma taça em porcelana, vidradas em diferentes tons de vermelho. O conjunto, diz, designa-se “As três da vida airada”.
A autora, a convite de amigos, já coordenou workshops de joalharia cerâmica e também de cerâmica para crianças. O primeiro decorreu em 2014 quando Sílvia esteve ligada ao Espaço Ó, em Óbidos, trabalhando em azulejaria com Thomas Schitek.
A casa como projecto de vida
Sílvia Jácome conheceu Paul Nategaal, através de uma amiga comum, em 2014. O holandês, formado em História veio para Portugal há 20 anos, dedica-se a criar e a manter jardins ecológicos. A sua empresa, The Green Company, tem sobretudo clientes estrangeiros.
O casal começou a namorar há quatro anos e Paul Nategaal achava que não podia ter filhos, assim lhe tinham dito os médicos na Holanda. Só que Sílvia ficou grávida e em Janeiro de 2015, nasceu o filho de ambos, David. Sílvia já tinha 40 anos mas quer a gravidez quer o parto decorreu com normalidade. Ambos querem dar toda a atenção a este “menino milagre” e, como tal, a cerâmica de Sílvia esteve em “stand by” durante os primeiros meses de vida do filho. O seu trabalho só foi reiniciado durante as sestas da criança.
Antes de se juntarem, Paul tinha adquirido a casa onde vivem, em Salir de Matos, que pouco mais era do que a ruína de uma habitação centenária. Com a ajuda de amigos, a casa tem vindo a ser recuperada aos poucos. Quando Sílvia passou a fazer parte da sua vida, recuperar a casa tornou-se o projecto de ambos. A casa não tinha energia nem água da rede pública. Os anteriores proprietários usaram velas ou candeeiros a petróleo. O casal decidiu que não iria ligar-se à rede pública e que apostaria em energias renováveis, tendo colocado painéis solares. Neste momento têm oito painéis e várias baterias que auxiliam no armazenamento energético. E fazem tudo recorrendo apenas à energia solar, incluindo a cozedura das suas peças. Claro que quando o forno está ligado, Sílvia já sabe que não pode por a máquina de lavar a roupa a funcionar. Todas as lâmpadas da casa são leds e é apenas com a energia solar que se garante todo o funcionamento eléctrico, desde o aspirador até à máquina de lavar a loiça.
A PRIORIDADE NÃO É TER MAIS COISAS
O casal inicialmente resistiu em ligar a casa à rede pública da água, mas acabou por ceder porque o poço do seu terreno secou. Enquanto não era feita a ligação à rede, Sílvia e Paul revezavam-se para ir todos os dias buscar água a uma fonte “tal como faziam os nossos avós”.
O casal está muito empenhado em viver da forma mais sustentável que lhe é possível. A própria renovação do edifício da casa foi feita quase sem cimento recorrendo sobretudo a materiais mais ecológicos como a cal, “o que faz com que a casa não tenha tanta humidade”.
Sílvia e Paul recuperam ainda móveis antigos, assim como portas e janelas que lhes foram oferecidas.“Tentamos recuperar tudo o que é possível. Porque é que havemos de deitar no lixo e andar sempre a comprar mais coisas?”, questionou-se a artista. Aos poucos há novas áreas da casa que querem recuperar desde um anexo que em breve se vai se transformar no atelier de trabalho de Sílvia. Este contemplará uma parte de trabalho e uma sala que também poderá transformar-se num quarto. “Queremos que pessoas que se identifiquem com este projecto possam vir fazer cerâmica e aprender a criar um jardim”, explicou Sílvia sobre mais um projecto que visa acolher quem quer passar uns dias ligado à natureza e a um modo de vida sustentável.
O casal e o filho tentam também apostar numa alimentação mais saudável, apostando sobretudo nos vegetais em detrimento do consumo de carne. Têm a sua própria horta e encomendam as sementes biológicas online e não usam nem adubos nem fertilizantes. Estão também a apostar na plantação de árvores de fruto.
Com as ervas aromáticas e dos chás que produzem e que Paul traz dos jardins que cuidam, também já produzem sabão artesanal. Fazem-no com recurso a lavanda, alecrim, rosa mosqueta e erva Príncipe e já respondem a encomendas que lhes são feitas por algumas casas de Bed & Breakfast. “A nossa prioridade não passa por ter mais e mais coisas. Queremos ser felizes, apostando numa forma de estar sustentável”, rematou a autora.
Novos desafios! Novos destinos! Foi isto que aconteceu nos passados dias 30 e 31 de Maio. Participei na Mostra de Cerâmica de Gouda, Holanda, que acontece todos os anos mais ou menos por esta altura. Éramos 100 ceramistas de alguns pontos da Europa. Para quem quiser saber mais: goudsekeramiekdagen.nl . Foi uma experiência maravilhosa. A repetir!
Gostava de vos fazer um pedido especial! O meu projecto de cerâmica faz 10 anos este ano (já passaram 10 anos, como é possível?) e por isso gostava, a jeito de comemoração, de pedir-vos, a vocês que têm peças “Sílvia Jácome”, de me enviar fotos vossas com as respectivas peças. O que acham da ideia? Se receber muitas, prometo que vou fazer algo bem especial com elas ❤️. Enviar para sjacome02@gmail.com. Obrigada!!
I would like to make a special request! My ceramics project is 10 years old this year (it’s been 10 years, how is it possible?) and so I would like as a way to commemorate, to ask you, who has pieces “Sílvia Jácome”, to send me pictures of you with the respective pieces. What do you think of the idea? If I receive many, I promise I’ll do something very special with them ❤️. Send to sjacome02@gmail.com. Thanks!!
sexta-feira, 22 de março de 2019
No passado dia 14, a convite de uma querida amiga, fui fazer um workshop com 22 crianças de 4 e 5 anos, numa escola em Lisboa. O que eu gostei de os ver pôr as mãos no barro! É tão especial ver crianças destas idades mexer no barro, vê-las com tanta vontade e querer fazer mais e mais. Eu saí de lá com um grande sorriso e muito feliz! Cada um fez algumas peças e posteriormente colaram-nas numa peça feita por mim, uma caixa. Infelizmente não posso publicar fotos com as crianças, mas deixo fotos da preparação, o durante e da peça final, desta maravilhosa manhã! ❤
O David fez 4 anos à duas semanas atrás. Foi um dia em cheio e prolongou-se até ao fim de semana. Fomos cantar os parabéns à escolinha e foi lindo ouvir todas as crianças a cantar! Plantamos a nossa árvore de natal (já o tinhamos feito neste mesmo dia) e parece-nos que começa a ser a nossa tradição no aniversário dele. E cantamos novamente os parabéns no fim de semana com a família e amigos. Quanto mais tempo passa, mais percebemos o quanto Ele é especial, todos os dias temos muito orgulho dele ❤
Hoje o meu coração de mãe está apertadinho e o meu pensamento está todo nele... Primeira viagem sem os pais e organizada pela escola, ida ao Teatro Politeama para ver Rapunzel de Filipe La Féria em Lisboa (aposto que ele vai adorar!).
Esta foto não tem a ver com esta viagem, mas eu gosto muito dela e, é ele, o "my boy" ❤
Aprendi a observar o que temos perto de nós e que com isso, somos muito mais felizes. Ver as folhas a mudarem de cor, apanhar os frutos das árvores nesta altura do ano e trazê-los para dentro de casa, torna-me uma pessoa muito feliz!
Taças em porcelana com textura no exterior e cor no interior.
Uma das coisas mais interessante que pode acontecer depois de participar num evento como o The Pitch Market é reconhecimento. Foi isto que encontrei aqui: designporacaso.pt. Obrigada pelas palavras que me dedicou e pelas excelentes fotos!!
Passo a citar:
SÍLVIA JÁCOME
A Sílvia é das Caldas da Rainha e veio a Lisboa mostrar que sabe o que faz.
Designer de cerâmica, faz peças utilitárias e decorativas em porcelana. Numa vertente minimalista e com inspiração na natureza, presenteou-nos com peças originais e delicadas.
Encantei-me com estas chávenas que hei-de partilhar em mais detalhe um dia destes, mas fiquei a pensar que também devia ter trazido as taças.
Os detalhes exteriores são uma delícia e parece que estão forradas a renda. Os quadros também são uma forma de reinventar a porcelana e dar-lhe uma nova vida.
Já há algum tempo que queria participar neste mercado de design, mas por uma razão ou outra ainda não tinha sido possível. Foi desta, a edição de 2018!
Obrigado a todos que deixaram palavras lindas cheias de incentivo, aos que levaram peças "Sílvia Jácome" e a todos que tornaram possível esta edição.
Estudei Design e Tecnologias para a Cerâmica na Escola Superior de Arte e Design, nas Caldas da Rainha. Foi a minha paixão pela cerâmica que me levou a tirar este curso. Enquanto estudava apaixonei-me por este material, porque vem da terra, e por isso é fácil estabelecermos com ele uma ligação forte. Bastam as nossas mãos. Anos mais tarde, depois de ter trabalhado em duas empresas como designer cerâmico, fui para Tomar, onde trabalhei algum tempo em design gráfico. No entanto a vontade de fazer peças diferentes, que expressassem a minha voz, fez com que acabasse por criar o meu próprio projecto na cerâmica. Ao longo do meu percurso profissional frequentei vários cursos e formações, entre os quais se salientam: Cerâmica para Designers em 1997 e 1998, Joalharia Cerâmica em 2011 e 2012, Técnicas de Produção Cerâmica e Pequenas Séries e Projectos para Cerâmica, ambos em 2014. Frequentei todos estes cursos no Cencal em Caldas da Rainha.
Criar para mim é uma necessidade. Quando crio sinto que faço alguma coisa valer a pena.
I studied Design and Technology for Ceramics at the ESAD (Higher School for Arts and Design) in Caldas da Rainha. It was my passion for ceramics that led me to take this course. My studies only intensified this attraction; as the material comes directly from the soil it is easy to built a strong connection with it. Some years later, after having worked as a designer for two different ceramic enterprises, I went to Tomar where I worked as a grafic designer. However, the desire to work with ceramic objects that would really express my own voice led me to create my own ceramic project. During her professional life I frequented several courses such as: Ceramics for Designers in 1997-1998, Ceramic Jewelry in 2011-2012, Ceramic Production Techniques in Ceramics and Small Series and Projects for Ceramics, both in 2014. All of which were concluded at Cencal in Caldas da Rainha.
To me, to create is a necessity. When I create I feel I do something that really matters.